quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Religião como Commodities

Costumo ouvir de pessoas não religiosas, bem como de pessoas religiosas, que a religião (instituída) faz-se um mal necessário. Os pontos p’ro de tal afirmação variam entre carateres educativos, culturais, sociais e até mesmo econômicos. Ninguém seria louco a ponto de negar que a sociedade mundial foi estruturada em função dessa poderosa instituição – neste caso, todas elas, cristãs em suas varias nomenclaturas, islâmicas, budistas, e até mesmo as religiões tribais do continente africano.

Funde-se uma coisa na outra – Cultura e Religião, Economia e Religião, Política e Religião, Historia e Religião.

A religião atua como um tempero na vida e na sociedade, as vezes um sal, as vezes uma pimenta, e na vasta maioria das vezes administrada em excesso por chefs sedentos de impor seu sabor no prato do povo.

O papel inicial da religião deveria ser apenas direcionar pessoas para o divino, deveria ser uma ferramenta sacerdotal para quem buscasse tal consolo. Mas os próprios livros sagrados incubiram de mostrar que o âmbito era diferente.
A narrativa bíblica mostra o poder inicialmente nas mãos de um líder, Moises, conduzindo o povo pelo deserto na saída do Egito, depois esse poder migra para as mãos de juizes, classes sacerdotais e finalmente a era dos Reis. No Bhagavad Gita a situação é clara, Krishna mostra espiritualidade no front de guerra, diretamente ao seu amigo e guerreiro Arjuna. Maomé não faz por menos, instiga a ordem e a batalha em nome de Deus.

O que notamos em comum nisso? Que Deus usa lideres de guerra? Ou podemos deduzir que os lideres de Deus criaram “Deus”para suas batalhas?
Constantino, milagrosamente, ou mirabolantemente, teve uma visão do símbolo que deveria usar na sua batalha e conquistar, e com a Cruz no estandarte ele liderou soldados para a batalha.

Entre os mesmos irreligiosos que questionam a religião como um mal necessário, há aqueles que questionam os métodos de Richard Dawkins em criticar a religião, e este sempre a aponta como a causadora de divisões, contendas, racismo e guerras. Que os livros sagrados (principalmente a bíblia e o Alcorão) em mãos inescrupulosas são responsáveis por praticamente todas as batalhas no últimos 2000 anos de historia.
Pode-se negar isso?
Basta lembrar das cruzadas, católicos vs protestantes na Irlanda, mulçumanos vs hindus, o holocausto na 2ª guerra mundial, etc., sempre há uma pitada.

Vários questionamentos podem ser levantados – Religião é um MAL ou é MAL USADA? Podemos ir além nas perguntas – é necessária? Como seria o mundo sem elas? Já cumpriram seu papel na humanidade, e agora chegou o momento de expurgá-las?

Se a religião for expurgada, temos uma sucessora de plantão – A Ciência. Algumas questões são levantadas sobre o poder e a influencia na dobradinha Ciência/Governantes – Haverá moral em suas decisões? Haverá extrapolação? Usarão o poder da ciência de forma consciente e útil para a humanidade?

Nessa altura do campeonato, já vimos que a religião é uma péssima decisora moral, afinal é ela mesma que cria guerras, manipula governantes, acoberta crimes, corrompe, e afins. Ora, porque devemos confiar na palavra dela em questões como aborto e células tronco?
Acredito muito mais no senso-comum. A disponibilizaçao das tecnologias e serviços, e cada um usa de acordo com a sua consciência.

A Igreja Católica por exemplo se mostra clara na luta contra o aborto. Mas, qual alternativa ela disponibiliza? Nenhum! Ainda se mostra contra métodos contraceptivos e anticoncepcionais. Resultado – pobreza, ignorância, miséria de um lado e prepotência e arrogância de outro. Isso se baseia em um mal uso de um livro sagrado.

Essa é uma arma de algumas religiões e seitas, manter o povo ignorante.

Devemos lembrar que o inicio da religião esteve intimamente relacionado com a ciência. Nos primórdios da astronomia e astrologia, deuses e astros se fundiram em lendas. Mas esse casamento durou pouco, pois a religião não soube lidar com as novas descobertas e a evolução cientifica em diversos campos. E agora, percebo que uma nova batalha surge – Quem deterá o poder sobre a humanidade na próxima Era?
A ciência distribuindo conhecimento e tecnologia a todos os povos? A moral se transformando em Senso Comum? A Religião perdendo espaço?

Tudo isso da margem para diversos e infinitos posts e discussões. Mas a pergunta inicial - É a religião um mal necessário? Sinceramente não sei se foi. Admito que vejo a contribuição dela em diversos campos (arte e musica por exemplo), e que ela moldou os mapas e territórios tal como temos hoje. Mas chegou o momento de algo maior tomar conta do poder, algo maior que religião, e não, não é a ciência – É a moral, o caráter. Isso é o que deveria dominar o senso comum da humanidade.
Humanitarismo, ação, proatividade, amor ao próximo. Isso deveria reger a humanidade, ser ensinado nas escolas, que nossas decisões fossem individuais, mas sempre visando o bem comum.

Chegou o momento de que a Religião seja apenas uma commoditie, um objeto de escolha, que um adulto possa escolher sua religião assim como escolhe um carro, e se quiser andar a pé, ninguém vai julga-lo mal por isso. Dessa forma, a religião não domina povos e reinos, mas apenas tempera a vida de quem a desejar.

E o senso comum...