sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Post 15 - Religiosidade x Espiritualidade

Religiosidade e Espiritualidade são conceitos e estilos de vida totalmente diferentes e uma coisa não tem nada que ver com outra, embora muitas pessoas as confundam.
A confusão existe, até mesmo porque há diferença de opiniões entre autores.
Mesmo que o leitor deste post não concorde com o significado que darei às palavras, concordará (talvez) com o conceito que as difere, embora dê outros nomes às palavras.
Em primeiro lugar, entendo por Religião como um grupo de pessoas que segue a algo, geralmente dentro do conceito metafisico ou divino e que, segue isto através de ensinos de mestres ou livros sagrados.
E defino por Espiritualidade a relação direta entre o individuo e suas crenças personalizadas.
A pessoa religiosa pertence a um grupo social que padronizadamente acredita nas mesmas coisas, cumpre ritos e obrigações semelhantes, em alguns casos possuem formas de falar e vestir semelhantes. O religioso possui agendas e obrigações.
Em outras palavras, a pessoa religiosa é aquela que:

vai à igreja ou templo
participa de ritos, cantos e orações
financeiramente ajuda na obra
doa seus serviços na manutenção do templo
participa de obras sociais desenvolvidas pela religião
apega-se a ícones ou escritos sagrados
divulga a mensagem a outros
segue a mestres

Neste ponto, abro parenteses para explicar a palavra "Mestre". Tanto podemos chamar de mestre àquele que da frente do púlpito ensina aos demais, e isto poderia ser um padre, pastor, ancião, sacerdote, rabino, etc., ou àquele que deu origem aos ensinos e escritos.
Este é muito mais interessante, aqui estamos falando de MESTRES que não seguiram a ninguém, mas que criaram suas "verdades" de dentro de sistemas que ja eram sólidos, estabelecidos, porém apresentavam falhas enormes. Muitos mestres vieram de rupturas, e neste caso temos -
Moisés saindo do Egito
Jesus saindo do Judaismo
Maomé saindo e unificando as tribos nomades
Sidarta Guatama saindo do hinduismo
Lutero saindo do Catolicismo
Russel saindo do Presbiterianismo
Darwin saindo do Criacionismo
... e a lista poderia tender ao infinito, tanto de pessoas que criaram cismas e rupturas arrebanhando discipulos, quanto àqueles que sairam de sistemas e foram mestres apenas para si proprios*.

Vamos separar um bem de um mal intencionado mestre. Ambos, depois de analise e pesquisa alcançaram um estagio que era superior aos seus contemporaneos. Mas o que a maioria deles conseguiu foi desatar os nós de um sistema opressor e tentar dar liberdade a outros. Por um incrivel mau entendido, os seus discipulos diretos, partiram a divulgar aquele ensino que acabava de aprender. E em pouco tempo, escritos, escolas, historias, entendimentos e analises eruditas sobre os fatos, comparações, institucionalizações de ritos... e tudo aquilo que o mestre havia quebrado, voltava à tona como sendo a vontade dele.
Vamos considerar o exemplo de Jesus - Ele viveu numa época em que o sistema religioso judaico escravizava a mente e o corpo das pessoas, havia cargas pesadas, regras, leis, templos que exigiam sacrificios, etc.. Jesus quebrou toda aquela religiosidade e ensinou que a adoração a Deus deveria basear-se em Amor e Fé. Uma vida de Amor ao proximo e a Deus. Quem ama é justo e bom. No amor reside a sabedoria. Pronto, ele sintetisou tudo.
Logo apos sua morte, começaram os escritos sobre sua vida e palavras, e ali começou a ser institucionalizado a Religião. Novos ritos e obrigações foram criados. Ele havia dito que era o intermediador entre Deus e os homens e que, o corpo era o templo de Deus. O Templo judaico caiu nas mãos dos romanos em 70 E.C.. Na sequencia o que houve? Criaram novas classes sacerdotais, com padres e diaconos, sacerdotes, sacrificios e transformaram suas palavras em novos mandamentos e fizeram regras a partir disso.
Qualquer religião que possua uma estrutura sacerdotal, por mais simples que seja, já esta colocando um novo Rabi (ou mestre) na posição de Jesus.
Lutero vendo isso resolveu quebrar este sistema e... institucionalizou outro. E quem veio depois dele, botou novas regras e novas interpretações.
O mesmo ocorreu com Buda. Simplificou totalmente o sistema religioso de sua cultura e epoca, mostrou que a iluminação so dependia da propria pessoa. Hoje, basta ir a um templo budista para ver que a historia mudou.
Todas as regras que foram quebradas ou simplificadas pelos verdadeiros mestres, vieram outros e recriaram-nas tal como existia antes.
Basta observar que o clero catolico é tão complexo (ou mais) que a estrutura judaica, e que a estrutura protestante, embora simplificada, também possui hierarquias.
Na relação hindu-budista, idem.
Dentro das Testemunhas de Jeová, idem.**
Toda religião se organiza em niveis hierarquicos e dessa forma, quem quiser participar de uma Organização Religiosa, tem de se adequar ao sistema. Isto é ser Religioso.

A pessoa Espiritualizada segue a linha do mestre. É aquele que, quer por estudos ou pela propria observação, cria seu proprio caminho. Sabe que o seu encontro com o divino ou consigo proprio, não depende do ensino de outros ou de alguma instituição, mas apenas de si mesmo.
Outro ponto comum entre o Bom Mestre e a Pessoa Espiritualizada é que nenhum dos dois tenta impor regras ou ensinar o passo a passo caminho através de milhões de regras.
O verdadeiro mestre não ensina o caminho, apenas aponta a direção.
Confirme isso analisando os ensinos de Jesus, Sidarta, Darwin, Moises, Russel, Maomé, Lutero, Osho e quem mais voce quiser. Quem apontou e quem tentou ensinar o caminho?
Quem tentou ensinar um caminho, caiu na vaidade de ser lider. Trilhou pela arrogancia.
Cada um de nós tem um caminho a seguir, e formas diferentes de trilhar, ver, analisar, aprender, discernir, pisar, compreender, extrair o que há de bom, necessidades...
E a espiritualidade é isso - Conhecer a si proprio e conectar ao que há de mais divino.

Apenas apontando o caminho - Tanto Jesus quanto Buda ensinaram aos seus discipulos que -
O caminho esta dentro de nós.
Pessoas enganam pessoas.

Resumindo -
Religiosidade é seguir e
Espiritualidade é conhecer-se!




*Talvez alguns discordem disso, alguem ser Mestre de si proprio, pois o titulo de mestre so pode ser dado a alguem por um ou mais discipulos, a palavra mestre remete à ação, ser mestre de ou mestre para, então para evitar a colocação de um novo termo, chamo aqui de 'mestre de si proprio' aquele que deixar de seguir a outros e faz seu proprio caminho.
**Possuem um Corpo Governante em Brooklyn, NY, USA, que determina os ensinos a serem divulgados, filiais em diversas partes do mundo, e congregações onde geralmente possuem Ancião Presidente e outros anciãos para as demais responsabilidades, Servos Ministeriais que os auxiliam na pregação interna. Para os serviços externos de pregação ha uma hierarquia de Pioneiros especiais, regulares, auxiliares e publicadores (estes apenas divulgam a religião, não possuem voz ativa na congregação). E ainda possuem na estrutura Superintendentes viajantes, missionarios, servos de zona, etc.

domingo, 28 de setembro de 2008

Post 14 - Em Que Acreditar?

A Pergunta "Em quê Acreditar?" veio depois da pergunta "Estou acreditando em verdades ou mitos?".
Mal sabia ao exato, tinha apenas uma noção, de que a resposta a estas perguntas me levaria a uma incomoda jornada. A resposta nunca esta proxima e talvez seja inexistente, mas o prazer de caminhar pela busca me mostrou, tal como numa viagem, uma indescritivel paisagem entre culturas, mitos e fés. Em determinado ponto da viagem deixei de questionar o que era certo, verdade, errado ou mito, me dei apenas o prazer de contemplar historias e relatos, e ver como tudo se relaciona e encaixa, talvez mostrando um final deslumbrante e maravilhoso.
Me lembro de uma estoria que contava sobre 5 cegos colocados diante de um elefante, cada um tateou uma parte dele, e foi descrever aos outros como era o elefante.
O que pegou no rabo disse - O elefante se parece com uma corda!
O que tocou nas patas rebateu - voce esta equivocado, o elefante se parece com um tronco!
O que tocou no corpo - não faço ideia do que voces tocaram, mas o elefante se parece com um enorme muro!
O que tocou na tromba rebateu - voces estão loucos e perderam o senso do tato, o elefante nada mais é que uma serpente!
E o que tocou no marfim - Serpente? O elefante era apenas um osso!

Quando vejo pessoas de diferentes denominações religiosas defendendo suas fés e marginalizando a fé alheia, não posso deixar de me lembrar dessa estória. Conhecem apenas uma parte, um pedaço, e ignoram todo um restante.

Descartes foi brilhante e honesto ao sintetizar - "O que conheço é uma gota em relação ao oceano que ignoro".
E Platão que questionava aos outros, e humildemente dizia - "So sei que nada sei".

Voltando à pergunta original, confesso que o relato apostolico (S. João 6:68 - "Senhor, para quem havemos de ir? Tu tens declarações de vida eterna") me satisfez apenas em principio. Dentro do ambiente religioso em que fui criado, muitas duvidas surgiram na minha cabeça, e um dia resolvi buscar as respostas na propria biblia, sem ouvir as interpretações de terceiros. Foi a primeira chave que obti para o caminhar da liberdade, tal como Jesus disse "Conhecereis a verdade, e a verdade vós libertará" (S. João 8:32)."
É importante lembrar que os evangelhos e a biblia apontam muitos ensinos interessantes, que um pouquinho de boa vontade nos leva a paisagens incriveis, além das duas já citadas -
Jeremias 10:23 e 17:5 - Ambos textos mostram sobre a importancia de não confiar nos julgamentos, e porque nao dizer, também, nas interpretações, alheias.
Isso me remete a Osho, que disse "O mestre não te ensina o caminho, apenas aponta a direção" - Vejo como sendo importante colocar isto aqui, porque também não quero incorrer na vaidade de ser guia de ninguém, mas apenas apontar caminhos. Os caminhos que pesquisei entre historia, filosofias e escritos sagrados, mostram direções diversas, importantes de serem conhecidas e analisadas, e mesmo que eu incorra no erro de dar algumas conclusões que tirei, que elas sirvam apenas de reflexão, pois cabe a cada um ser seu proprio mestre ou guia. Para mim, o conselho de Jeremias sobrepõe a todos os outros, portanto, não confie em mim, veja o que vi, e conclua por si mesmo.
Outro bom exemplo biblico vem de Atos 17:11 (e contexto) onde narra o exemplo dos Bereanos, um povo que foi considerado de mentalidade nobre, pois pesquisava e buscava certificar dos fatos. Neste aspecto, não basta apenas ouvir. Tem que buscar saber a origem da fonte, quem disse, porque disse, de onde tirou tal ideia, como esta ideia se relaciona com outras ideias, argumentos e principalmente - Fatos.
Uma verdade tem que se provar sustentavel. Além de passar por provas de sofismas, onde os pilares que a sustenta têm de ser provados verdadeiros, será que ela suporta provas de Falseabilidade? (Gosto muito da forma como Karl Popper descreve tal conceito em "A Lógica da Pesquisa Científica"). Cabe a cada de um de nós questionar se as verdades nas quais acreditamos são duradouras e inabaláveis. Mais importante que isso, ter a humildade de aceitar quando elas caem por terra. Sim, quando isso acontece, chegou o momento de sentir vitorioso e buscar um novo caminho.

Então, em quê acreditar?
Dentro da linha Cristã há varias vertentes - Catolica (grega, anglicana, ortodoxa, romana, carismatica), Protestante (evangélicos, presbiterianos, luteranos, calvinistas e sabe-se lá quantas outras) as das Testemunhas de Jeová (Testemunhas de Jeová e Russelitas (embora pouco conhecidas, existe o russelismo em plena atividade em alguns países da Europa) e Mormóns. Se colocassemos o cristianismo dentro de um circulo, e fatiassemos, até este momento teriamos 15 frações, mas sabemos que não para aí, em alguns lugares o cristianismo fundiu com outras religiões, no movimento afro-candomblecista deu origem à Umbanda (em outros países da America latina houve outras fusões com religiões afro e outros nomes surgiram), existem fusões Judaico-Cristãs, Espirita-Cristãs, budista-Cristãs, cabalistica-cristãs e o que mais imaginar.
Isto tudo de misturas, so na pizza cristã.
O Judaismo que deu origem ao Cristianismo, cedendo gentilmente seu principal ícone - Jesus Cristo - também tem suas divisões.
O Maometísmo ou Mulçumanos talvez seja a mais conhecida. Herdou a adoração monoteísta e a postura radical e legislativa. E que também teve suas facções.
Do judaismo também veio a Cabala, com o misticismo das antigas religiões egipcias.
Partindo para outros círculos ou pizzas, temos o hinduismo, que também é totalmente faccionado, e essa antiguissima religião deu origem a um ícone mundialmente conhecido, que também deu origem a um novo movimento -
O Budismo com suas divisões mais conhecidas - Teravada e Mahayna.
Ainda tem mais, não podemos deixar de incluir as antigas religiões oriundas das adorações astrologicas, que os povos egipcios, sumérios (que deram origem a uma importante adoração no século VII a.C. através de Zaratustra ou Zoroastro) e celtas adoravam.
E as versões mais recentes ou sobreviventes que temos hoje da Wicca, magia negra, fraternidade branca, cabala, etc, etc..
Não podemos esquecer também de Confúcio, Lao Tsé e outros mestres da China, nem dos ilustres filosofos gregos.

Gostaria de levantar uma questão importante -
Uma pessoa que detem total conhecimento da biblia, pode dizer que possui conhecimento da verdade?
Dizer que conhece a verdade e ignorar livros, ciencias e estudos mais antigos que a propria biblia, me perdoe - é ignorancia!
Conhecer apenas a biblia e conhecer apenas uma gota e ignorar o oceano.
Muitos Cristãos estufam o peito e dizem que isso basta, que o resto é demonismo.
O que estes Cristãos ignoram é que os Vedas hindus foram escritos muito antes da biblia. Ignoram também que os relatos do diluvio ja constavam séculos antes na mitologia Suméria. Que os conceitos de intermediador entre Deus e os homens ja existiam séculos antes de Cristo entre os babilonios. Não sabem que, historicamente, Mitraístas, Judeus e Cristãos conviveram durante séculos, e que uns influenciaram aos outros (assim como a Umbanda surgiu de adorações tão diferentes como o Catolicismo e Candomblé).
Ignoram que muitas palavras que Jesus Cristo disse, e conceitos que Ele ensinou, já haviam sido ensinados por Confucio, Buda, Zoroastro e outros filosofos gregos.
Ignoram, em nome da unicidade da verdade bíblica, que os ensinos de S. Paulo divergem dos de Cristo e de Pedro que seria o responsavel pela edificação da congregação cristã.
Aceitam a bíblia, tal como ela lhes apresentada e vendida, e ignoram os diversos manuscritos gnósticos que circulavam pelas congregações dos seculos I a IV, livros e evangelhos com conteudos fantasticos foram ignorados e deixados de lado, deixando a historia cristã com uma face irreal e cortando uma parte da sua historia. Este é um aspecto que me leva a questionar a mensagem de S. Paulo em 2 Timoteo 3:16 "Toda Escritura é inspirada por Deus" - qual escritura? A que a igreja catolica deu como verdadeira no século IV? o antigo testamento? o novo testamento? ou todos, ou alguns dos (considerados apocrifos) gnosticos compartilham dessa inspiração divina e foram deixados de lado por um mal entendido?
As perguntas são apenas induzir o leitor a uma coisa - PESQUISE E DESCUBRA!

Um conselho - Tome cuidado com sua pesquisa, confesso que nos caminhos que trilhei vi autores que aumentavam fatos, misturavam historias diferentes e apresentavam como uma só, omitiam ou eram tendenciosos em suas versões.

A diversidade tem de fazer parte da pesquisa.
Buscar pelos mais antigos é importante.
Não negar os mais novos, pois partes que estavam ocultas em um antigo manuscrito podem ter sido encontradas e inseridas em versões mais novas.
Ler autores diversos e pesquisar dentro de suas fontes bibliograficas.
Não ficar apenas no universo de um livro só.

e boa viagem...

Post 13 - Falsidade

Questiono...
Por que as pessoas são falsas para consigo mesmas?
Por que se anulam?
Por que se ferem?
Por que deixam de ser?
Fazem o que é contrario?
Deixam de fazer o que é certo para si, por objetivos ou conselhos alheios?

Por que preferem ouvir "mestres" (de falsas sabedorias e ideologias) a pensar e agir por si proprias?
Por que não questionam a si mesmas, sua mente, consciencia, o dEUs interior - em busca das respostas?

É conveniente ser falso para si proprio e deixar a responsabilidade dos atos falhos em nome de uma instituição, livro sagrado, deus, mestre, guru, pastor...
e com isso temos traições, mortes, guerras, destruições, rompimentos, falta de negociação...
- indisposição a acordos!

A culpa (não) existe. As coisas ocorrem ou deixam de acontecer por conta de um ALGO maior.
É sempre esse ALGO - DEUS, ESPIRITO ou CONSCIENCIA TREINADA.

Nada disso... no fundo o que esta ocultado é um mix de burrice (não querer pensar por si) + egoismo (preservo meu ego, e culpo uma instituição, deus ou um livro sagrado).

Disso surge a necessidade de confessar e/ou encher a cabeça com futilidades.
Futilidades para se esconder, para se defender.

O objetivo deste post é causar uma reflexão aos paradigmas, tanto os que criamos, os que aceitamos ou os que nos foram impostos.
Quebre seus paradigmas - passe a ver o mundo, a natureza e as pessoas sem bloqueios, sem hipocrisias. Questione a si proprio. Aceite.

12

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domingo, 27 de julho de 2008

11 - As Testemunhas de Jeová e a questão do Sangue

As Testemunhas de Jeová ganharam a mídia e os jornais de uma forma extremamente negativa, o ponto em questão é - Não aceitam transfusões de sangue. Isso tem gerado lutas em tribunais, problemas com médicos e hospitais, mas por um aspecto positivo, a medicina deu um salto neste sentido, desenvolvendo tecnologias e meios para que operações assim se realizassem.

As Testemunhas de Jeová, baseiam sua fé na biblia, e apegam-se ao texto de Atos 15:29 "Abster-vos de coisas sacrificadas a ídolos, e de sangue, e de coisas estranguladas e fornicação..."
e também em outros textos das escrituras hebraicas, como Genesis 9:4, Levitico 7:26 e Levitico 17:11 "Pois a alma da carne está no sangue...".

Vamos nos concentrar apenas nestes dois textos, visto que os textos da Lei Mosaica não servem de referencia, pois as TJ's entendem que não estão mais debaixo dessa lei.
O Texto de Levitico 17:11 explica o motivo "A alma da carne esta no Sangue", e disso, entende-se que este precioso liquido tem algo de sagrado para Deus.

Os demais textos na biblia que traçam essa proibição, sempre referem-se ao sangue como alimento.

Então ótimo! As Testemunhas de Jeová estão de parabens por evitarem esta gastronomia proibida pelas Sagradas Escrituras - Frangos ao molho pardo e Chouriços!

Elas costumam dizer que se um médico dissesse a um paciente "Abstenha de Alcool" ele não estaria liberado para injetar bebidas etilicas nas veias.
Agora precisamos deixar claro uma coisa - Alimentar e Transfundir são coisas extremamente diferentes.

Vamos inverter essa comparação, se um paciente estivesse com o coração fraco, e precisasse de um transplante, adiantaria ele comer o coração de outra pessoa?
Se ele precisar um transplante de fígado, corneas, rim... basta ele comer os orgãos de outra pessoa?
Portanto, chamar Transfusão de Alimentação, cai no mesmo erro. Assim como Transplantar orgãos não é canibalismo, Transfundir sangue não é alimentar com sangue.
O sangue deve ser encarado como um tecido corporeo liquido, portanto é transplantado ou transfundido via venosa.
Transfusão é reposição de tecido corporeo e não alimentação.

Mas aí surge uma questão - de qualquer forma, em Atos 15:29 diz para "Abster-se" e em Letivico 17:11 diz que a "A alma da carne esta no sangue".
Vamos deixar claro que o apostolo Paulo não fazia a minima ideia do que era uma transfusão, isso so foi criado nos primórdios do seculo XX.
E quanto a "Alma da Carne" podemos assegurar que ninguem é morto por doar sangue, portanto a Alma da Carne continua no sangue que se manteve na pessoa. Sem nenhum dano metafisico para quem doou.

Sabe-se lá porque, as autoridades que determinam as leis e estatutos das Testemunhas de Jeova, sentindo uma pressão da mídia resolveram liberar que alguns itens que fazem a composição do sangue, podem ser usados em tratamentos medicinais.

Ok, agora elas podem usar algumas partes, mas não podem doar.
Ou seja, dependem de que outras pessoas doem, que laboratorios processem os elementos, e entram como parte da cadeia, apenas como usuarios.

Alguem consegue explicar isso?

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Post 10 - Os Dez Mandamentos e outras Leis

Este post tem por objetivo comparar os 10 Mandamentos e outros códigos de lei da mesma época.

Exodo 20:3-17 traz em sintese -
I. "Não terás outros deuses diante de mim".
II. "Não farás para ti nenhum ídolo... Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto...".
III. "Não tomarás em vão o nome do Senhor, o teu Deus...".
IV. "Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor, teu Deus...".
V. "Honra teu pai e tua mãe...".
VI. "Não deves assassinar".
VII. "Não adulterarás".
VIII. "Não furtarás!".
IX. "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo".
X. "Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo... nem coisa alguma que lhe pertença".

O Codigo de Hamurabi, com 282 itens foi escrito por volta de 1750 A.C.
Vou posta-lo na integra, assim é possivel observar as similaridades com os 10 mandamentos.
Extraído de http://paginas.terra.com.br/arte/hammurabi/leis.html
O código hebreu sintetisou, tirou as circunstancias e deixou apenas a essencia das leis.

1. Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem puder provar, então aquele que enganou deve ser condenado à morte.
2. Se alguém fizer uma acusação a outrém e o acusado pular no rio e afundar, seu acusador deverá tomar posse da casa do culpado, e se o acusado escapar sem ferimentos, ele não será culpado, e então aquele que fez a acusação deverá ser condenado à morte, enquanto que aquele que pulou no rio deve tomar posse da casa que pertencia a seu acusador.
3. Se alguém trouxer uma acusação de um crime frente aos anciões, e este alguém não trouxer provas, e se a acusação pudesse resultar em pena capital, este alguém deverá ser condenado à morte.
4. Se ele satisfizer aos anciões em termos de ter de pagar uma multa de cereais ou dinheiro, ele deverá receber a multa que a ação produzir.
5. Um juiz deve julgar um caso, alcançar um veredito e apresentá-lo por escrito. Se posteriormente aparecer erro na decisão do juiz, e tal juiz for culpado, então ele deverá pagar doze vezes a pena que ele mesmo instituiu para o caso, ser publicamente destituído de sua posição de juiz e jamais sentar-se novamente para efetuar julgamentos.
6. Se alguém roubar a propriedade de um templo ou corte, ele deve ser condenado à morte, e também aquele que receber o produto do roubo do ladrão deve ser igualmente condenado à morte.
7. Se alguém comprar o filho ou o escravo de outro homem sem testemunhas ou um contrato - prata ou ouro, um escravo ou escrava, um boi ou ovelha, uma cabra ou seja o que for; se ele tomar este bem, este alguém será considerado um ladrão e deverá ser condenado à morte.
8. Se alguém roubar gado ou ovelhas, ou uma cabra, ou asno, ou porco, sendo este animal pertencente a um deus ou à corte, o ladrão deverá pagar trinta vezes o valor do furto; se tais bens pertencerem a um homem libertado que serve ao rei, este alguém deverá pagar 10 vezes o valor do furto, e se o ladrão não tiver com o que pagar seu furto, então ele deverá ser condenado à morte.
9. Se alguém perder algo e encontrar este objeto na posse de outro, se a pessoa em cuja posse estiver o objeto disser " um mercador vendeu isto para mim, eu paguei por este objeto na frente de testemunhas" e se o proprietário disser "eu trarei testemunhas que conhecem minha propriedade" , então o comprador deverá trazer o mercador de quem comprou o objeto e as testemunhas que o viram fazer isto, e o proprietário deverá trazer testemunhas que possam identificar sua propriedade. O juiz deve examinar os testemunhos dos dois lados, inclusive o das testemunhas. Se o mercador for considerado pelas provas ser um ladrão, ele deverá ser condenado à morte. O dono do artigo perdido recebe então sua propriedade e aquele que a comprou recebe o dinheiro pago por ela das posses do mercador.
10. Se o comprador não trouxer o mercador e testemunhas ante a quem ele comprou o artigo, mas seu proprietário trouxer testemunhas para identificar o objeto, então o comprador é o ladrão e deve ser condenado à morte, sendo que o proprietário recebe a propriedade perdida.
11. Se o proprietário não trouxer testemunhas para identificar o artigo perdido, então ele está mal-intencionado, e deve ser condenado à morte.
12. Se as testemunhas não estiverem disponíveis, então o juiz deve estabelecer um limite, que se expira em seis meses. Se suas testemunhas não aparecerem dentro de seis meses, o juiz estará agindo de má fé e deverá pagar a multa do caso pendente.
[Nota: não há 13ª Lei no Código, 13 provavelmente sendo considerado um número de azar ou então sacro]
14. Se alguém roubar o filho menor de outrém, este alguém deve ser condenado à morte.
15. Se alguém tomar um escravo homem ou mulher da corte para fora dos limites da cidade, e se tal escravo homem ou mulher, pertencer a um homem liberto, este alguém deve ser condenado à morte.
16. Se alguém receber em sua casa um escravo fugitivo da corte, homem ou mulher, e não o trouxer à proclamação pública na casa do governante local ou de um homem livre, o mestre da casa deve condenado à morte.
17. Se alguém encontrar um escravo ou escrava fugitivos em terra aberta e os trouxer a seus mestres, o mestre dos escravos deverá pagar a este alguém dois shekels de prata.
18. Se o escravo não der o nome de seu mestre, aquele que o encontrou deve trazê-lo ao palácio; uma investigação posterior deve ser feita, e o escravo devolvido a seu mestre.
19. Se este alguém mantiver os escravos em sua casa, e eles forem pegos lá, ele deverá ser condenado à morte.
20. Se o escravo que ele capturou fugir dele, então ele deve jurar aos proprietários do escravo, e ficar livre de qualquer culpa.
21. Se alguém arrombar uma casa, ele deverá ser condenado à morte na frente do local do arrombamento e ser enterrado.
22. Se estiver cometendo um roubo e for pego em flagrante, então ele deverá ser condenado à morte.
23. Se o ladrão não for pego, então aquele que foi roubado deve jurar a quantia de sua perda; então a comunidade e... em cuja terra e em cujo domínio deve compensá-lo pelos bens roubados.
24. Se várias pessoas forem roubadas, então a comunidade deverá ..... e ... pagar uma mina de prata a seus parentes.
25. Se acontecer um incêndio numa casa, e alguns daqueles que vierem acudir para apagar o fogo esticarem o olho para a propriedade do dono da casa e tomarem a propriedade deste, esta(s) pessoa(s) deve(m) ser atirada(s) ao mesmo fogo que queima a casa.
26. Se um comandante ou soldado, que tenha recebido ordens de seguir o rei numa guerra não o fizer, mas contratar um mercenário, se ele não pagar uma compensação, então tal oficial deve ser condenado à morte, e seu representante tomar posse de seus bens.
27. Se um comandante ou homem comum cair em desgraça frente ao rei (capturado em batalha) e se seus campos e jardins forem dados a outrém, que tomou posse deste campo, se o primeiro proprietário retornar, seu campo e jardins devem ser devolvidos a ele, que entrará novamente de posse de seus bens.
28. Se um comandante ou homem comum cair em desgraça frente ao rei, se seu filho for capaz de gerir seus bens, então o campo e o jardim serão dados ao filho deste homem, que terá de pagar a taxa devida por seu pai.
29. Se seu filho for muito jovem e não puder tomar posse, 1/3 do campo e jardim deverá ser dado à sua mãe, que deverá educar o menino.
30. Se um comandante ou homem comum deixar sua casa, jardim e campos, e alugar tal propriedade, e outrém tomar posse dos mesmos e usá-los por três anos, e se o primeiro proprietário retornar à sua casa, jardim ou campo, este não deve retornar ao seu primeiro dono, mas ficar com que tomou posse e fez uso destes bens.
31. Se ele fizer um contrato de um ano e então retornar, seus bens devem-lhe ser devolvidos para que tome posse deles novamente.
32. Se um soldado ou homem leigo for capturado no Caminho do Rei (guerra) e um mercador comprar sua liberdade, trazendo-o de volta para casa, se ele tiver meios em sua casa para comprar sua liberdade, ele deverá fazer isto por seus próprios meios. Se ele não tiver nada em sua casa que com o que puder comprar sua liberdade, ele terá de ser comprado pelo templo de sua comunidade. Se não houver nada no templo para poder comprá-lo, a corte deverá comprar sua liberdade. Seu campo, jardim e casa não devem ser dados para comprar sua liberdade.
33. Se um . . . ou um . . .se apresentarem como retirados do Caminho do Rei, e mandarem um mercenário como substituto, e também retirarem esta pessoa, então ele ou .... devem ser condenados à morte.
34. Se um . . . ou um . . . danificar a propriedade de um capitão, ferir o capitão, ou tirar deste presentes dados a ele pelo rei, então o.... ou .... devem ser condenados à morte.
35. Se alguém comprar o gado ou ovelhas que o rei fez por bem dar aos seus capitães, este alguém perderá seu dinheiro.
36. O campo, o jardim e a casa do capitão, do homem ou de outrém, não podem ser vendidos.
37. Se comprar o campo, o jardim e a casa do capitão, ou deste homem, a tábua de contrato deve ser quebrada (declarada inválida) e a pessoa perderá o dinheiro. O campo, jardim e casa devem retornar a seus donos.
38. Um capitão, homem ou alguém sujeito a despejo não pode responsabilizar pela manutenção do campo, jardim e casa a sua esposa ou filha, nem pode usar este bem para pagar um débito.
39. Ele pode, entretanto, assinalar um campo, jardim ou casa que comprou e que mantém como sua propriedade, para sua esposa ou filha e dar-lhes como débito.
40. Ele pode vender campo, jardim e casa a um agente real ou a qualquer outro agente público, sendo que o comprador terá então o campo, a casa e o jardim para seu usufruto.
41. Se fizer uma cerca ao redor do campo, jardim e casa de um capitão ou soldado, quando do retorno destes, a campo, jardim e casa deverão retornar ao proprietário.
42. Se alguém trabalhar o campo, mas não obtiver colheita dele, deve ser provado que ele não trabalhou no campo, e ele deve entregar os grãos para o dono do campo.
43. Se ele não trabalhar o campo e deixá-lo pior, ele deverá retrabalhar a terra e então entregá-la de volta ao seu dono.
44. Se alguém tomar conta de um campo que não estiver sendo usado e fizer dele terra arável, este alguém deverá trabalhar a terra e no quarto ano dá-la de volta a seu proprietário pagando a ele, por cada dez gan de terra, dez gur de cereais.
45. Se um homem arrendar sua terra por um preço fixo, e receber o preço do aluguel, mas o mau tempo prejudicar a colheita, o prejuízo irá cair sobre quem trabalhou o solo.
46. Se ele não receber um preço fixo pelo aluguel de seu campo, mas alugá-lo em metade ou um terço da colheita, os cereais do campo deverão ser divididos proporcionalmente entre o proprietário e aquele que trabalhou a terra.
47. Se a pessoa que trabalhar a terra não for bem sucedida no primeiro ano, e então tiver de obter a ajuda de outros, a esta pessoa o proprietário não apresentará objeções; o campo será cultivado e ele receberá pagamento conforme o acordado.
48. Se alguém tiver um débito de empréstimo e uma tempestade prostrar os grãos, a colheita for ruim ou os grãos não crescerem por falta d'água, naquele ano a pessoa não precisa dar ao seu credor dinheiro algum, devendo lavar sua tábua de débito na água e não pagar aluguel naquele ano.
49. Se alguém tomar dinheiro de um mercador, e der a este mercador um campo para ser trabalhado com cereais ou sésamo e ordenar a ele que os plante no campo e colha os grãos, se o cultivador o fizer, a colheita deverá pertencer ao dono do campo, e ele deve pagar os cereais como aluguel em troca do dinheiro que recebeu do mercador, e o que o cultivador ganhar, ele deve dar ao mercador.
50. Se ele der um campo cultivado de cereais ou sésamo, os grãos deverão pertencer ao dono do campo, que deve devolver o dinheiro ao mercador como aluguel.
51. Se ele não tiver dinheiro para pagar, então ele deve pagar em cereais ou sésamo ao invés de dinheiro, como aluguel pelo que recebeu do mercador, de acordo com as tarifas reais.
52. Se o plantador não plantar cereais ou sésamo no campo, o contrato do devedor não terá atenuantes.
53. Se alguém for preguiçoso demais para manter sua barragem em condições adequadas, não fazendo a manutenção desta, caso a barragem se rompa e todos os campos forem alagados, então aquele que ocasionou tal problema deverá ser vendido por dinheiro, e o dinheiro deve substituir os cereais que ele prejudicou com seu desleixo.
54. Se ele não for capaz de substituir os cereais, então ele e suas posses deverão ser divididos entre os agricultores cujos grãos ele alagou.
55. Se alguém abrir seus canais para aguar seus grãos, mas for descuidado, e a água inundar o campo do vizinho, então ele deverá pagar ao vizinho os grãos que este perdeu.
56. Se alguém deixar entrar água em sua plantação, e a água alagar a plantação do vizinho, ele deverá pagar 10 gur de cereais por cada 10 gan de terra.
57. Se um pastor, sem a permissão do dono do campo, e sem o conhecimento do dono do rebanho, deixar as ovelhas entrarem neste campo para pastar, então o dono do campo deverá fazer a colheita de seus grãos, e o pastor que deixou pastar ali seu rebanho sem permissão deverá pagar ao proprietário do campo 20 gur de cereais por cada 10 gan de terra.
58. Se após os rebanhos deixarem o campo e este ter ficado em campo comum perto dos portões da cidade, e qualquer pastor deixar os rebanhos pastarem lá, este pastor deverá tomar posse do campo no qual seu rebanho está pastando, e na colheita deverá pagar sessenta gur de cereais por cada dez gan de terra.
59. Se qualquer um, sem o conhecimento do dono do jardim, deixar cair uma árvore, esta pessoa deverá pagar 1/2 mina em dinheiro ao proprietário.
60. Se alguém passar um campo a um jardineiro para ele plantar como jardim, se ele trabalhar nesta área e cuidar dela por quatro anos, no quinto ano o proprietário e o jardineiro devem dividir a terra, o proprietário tomando conta de sua parte a partir de então.
61. Se o jardineiro não tiver completado a plantação do campo, deixando parte sem plantar, esta parte ficará sendo a parte dele.
62. Se ele não plantar o campo que lhe foi dado para fazer um jardim, se for terra arável (para grãos ou sésamo), o jardineiro deverá pagar ao dono para trabalhar no campo a cada ano que não produzir - de acordo com o produto dos campos vizinhos - e deve colocar o campo em condições de arabilidade e devolvê-lo a seu dono.
63. Se ele transformar terras ruins em campos aráveis e devolver a terra a seu dono, o dono deverá pagar a ele por um ano dez gur de cereais por cada dez gan de terra.
64. Se alguém der seu jardim para um jardineiro trabalhar, o jardineiro deverá pagar ao proprietário 2/3 do produto do jardim, e manter para si o 1/3 restante enquanto a terra estiver em sua posse.
65. Se o jardineiro não trabalhar no jardim e o produto não vingar, o jardineiro deve pagar ao proprietário na proporção dos jardins vizinhos.
[Aqui uma parte do texto está faltando, compreendendo trinta e quatro parágrafos]

100. . . . juro pelo dinheiro que tenha recebido, ele dever dar nota, e no dia acordado, pagar ao mercador.
101. Se não existirem acordos mercantis no local onde foi, ele deverá deixar todo dinheiro que recebeu com o intermediário para ser dado ao mercador.
102. Se um mercador confiar dinheiro a um agente para algum investimento, e o agente sofrer uma perda, este último deve ressarcir o capital do mercador.
103. Se, quando em viagem, um inimigo levar dele tudo o que tiver, o intermediário deve jurar ante os deuses que não teve culpa no ocorrido e ser absolvido de qualquer culpa.
104. Se um mercador der a um agente cereais, lã, óleo ou quaisquer outros bens para transporte, o agente deve dar um recibo pela quantia, e compensar o mercador de acordo com o devido. Então o agente deve obter um recibo do mercador pelo dinheiro que deve a ele.
105. Se o agente for descuidado e não tomar recibo pelo dinheiro que deu ao mercador, ele não poderá considerar o dinheiro não recebido como seu.
106. Se o agente aceitar dinheiro do mercador, mas brigar com ele (o mercador negando o recibo), então o mercador deve jurar ante os deuses que deu dinheiro ao agente, e o agente deverá pagar ao mercador três vezes a soma devida.
107. Se o mercador enganar o agente, devolvendo ao dono o que lhe foi confiado, mas o mercador negar o recebimento do que for devolvido a ele, o agente deve condenar o mercador ante os deuses e juizes, e se ele ainda negar recebimento do que o agente lhe deu, deverá pagar seis vezes mais o total ao agente.
108. Se uma dona de taverna não aceitar grãos de acordo com o peso bruto em pagamento por bebida, mas aceitar dinheiro, e o preço da bebida for menor do que o dos grãos, ela deverá ser condenada e atirada na água.
109. Se conspiradores se encontrarem na casa de um dono de taverna, e estes conspiradores não forem capturados e levados à corte, o dono da taverna deverá ser condenado à morte.
110. Se uma irmã de um deus abrir uma taverna ou entrar numa taverna para beber, então esta mulher deverá ser condenada à morte.
111. Se uma estalajadeira fornecer sessenta ka de usakani (bebida) para... ela deverá receber cinqüenta ka de cereais na colheita.
112. Se durante uma jornada, a alguém forem confiados prata, ouro, pedras preciosas ou outra propriedade móvel de outrém, e o dono quiser reaver o que é seu, se este alguém não trouxer toda a propriedade no local apropriado e se apropriar dos bens para seu próprio uso, então esta pessoa deverá ser condenada, e terá de pagar cinco vezes o valor daquilo que foi confiado a ele.
113. Se alguém tomar algo de um depósito ou caixa sem o conhecimento do proprietário, este alguém deve ser legalmente condenado, e pagar os cereais que pegou. Ele deve também perder qualquer comissão que lhe fosse devida.
114. Se alguém tiver uma demanda por cereais ou dinheiro com relação a outrém e tentar obter o que lhe é devido à força, este alguém deverá pagar 1/3 de mina em prata em cada caso.
115. Se alguém tiver uma demanda por cereais ou dinheiro com relação a outrém e levar este outrém à prisão e a pessoa morrer na prisão por causas naturais, o caso se encerra ali.
116. Se o prisioneiro morrer na prisão por mau tratamento, o chefe da prisão deverá condenar o mercador frente ao juiz. Caso o prisioneiro seja um homem livre, o filho do mercador deverá ser condenado à morte; se ele for um escravo, ele deverá pagar 1/3 de uma mina em outro, e o chefe de prisão deve pagar pela negligência.
117. Se alguém não cumprir a demanda por um débito, e tiver de vender por dinheiro sua esposa, filho ou filha, ou tiver de dá-los para trabalhos forçados, eles deverão trabalhar por três anos na casa de quem os comprou, ou na casa do proprietário, mas no quarto ano eles deverão ser libertados.
118. Se ele der um escravo ou uma escrava para trabalhos forçados, será permitido o mercador sublocá-los, ou vendê-los por dinheiro.
119. Se alguém não pagar um débito, e vender uma criada que lhe deu filhos, por dinheiro, o dinheiro que o mercador pagou deverá ser devolvido e pago pela liberdade da escrava.
120. Se alguém armazenar cereais por segurança na casa de outrém e danos acontecerem durante a estocagem, ou se o proprietário da casa usar parte dos cereais, ou ainda se ele negar que os cereais estão armazenados consigo, então o proprietário dos grãos deverá reclamar os cereais ante aos deuses (sob juramento), e o proprietário da casa deverá pagar pelos grãos que tomou para si.
121. Se alguém armazenar cereais na casa de outrém, ele deverá pagar pela armazenagem a taxa de um gur para cada cinco ka de cereais ao ano.
122. Se alguém quiser dar a outrém prata, ouro, ou outra coisa qualquer para guardar, isto deverá ser feito ante testemunhas e um contrato, e só então este alguém deve dar seus bens para serem guardados pela pessoa designada.
123. Se ele der seus bens para outrém guardar mas sem a presença de testemunhas ou contrato, se a pessoa que estiver guardando seus bens negar o fato, então o primeiro não poderá reclamar legitimamente o que é seu.
124. Se alguém entregar prata, ouro ou outro bem para ser guardado por outrém ante uma testemunha, mas aquele que estiver guardando estes bens negar o fato, um juiz será chamado, e aquele que negou ter algo sob sua guarda deverá pagar tudo o que deve ao primeiro.
125. Se alguém colocar sua propriedade com outrém por razões de segurança, e houver roubo, sendo sua propriedade ou a do outro homem perdida, o dono da casa onde os bens estavam sendo guardados deverá pagar uma compensação ao primeiro. O dono da casa deverá tentar por todos os meios recuperar sua propriedade, restabelecendo assim a ordem.
126. Se alguém que não tiver perdido suas mercadorias disser que elas foram perdidas e for acusado de inventar mentiras, se ele clamar seus bens e extensão dos danos frente aos deuses deverá ser totalmente compensado pelas perdas reclamadas.
127. Se alguém "apontar o dedo" para a irmã de um deus ou a esposa de outro alguém e não puder provar o que disse, esta pessoa deve ser levada frente aos juízes e sua sobrancelha deverá ser marcada.
128. Se um homem tomar uma mulher como esposa, mas não tiver relações com ela, esta mulher não será considerada esposa dele.
129. Se a esposa de alguém for surpreendida em flagrante com outro homem, ambos devem ser amarrados e jogados dentro d'água, mas o marido pode perdoar a sua esposa, assim como o rei perdoa a seus escravos.
130. Se um homem violar a esposa (prometida ou "esposa-criança") de outro homem, o violador deverá ser condenado à morte, mas a esposa estará isenta de qualquer culpa.
131. Se um homem acusar a esposa de outrém, mas ela não for surpreendida com outro homem, ela deve fazer um juramento e então voltar para casa.
132. Se o "dedo for apontado" para a esposa de um homem por causa de outro homem, e ela não for pega dormindo com o outro homem, ela deve pular no rio por seu marido.
133. Se um homem for tomado como prisioneiro de guerra, e houver sustento em sua casa, mas mesmo assim sua esposa deixar a casa por outra, esta mulher deverá ser judicialmente condenada e atirada na água.
134. Se um homem for feito prisioneiro de guerra e não houver quem sustente sua esposa, ela deverá ir para outra casa, e estará isenta de toda e qualquer culpa.
135. Se um homem for feito prisioneiro de guerra e não houver quem sustente sua esposa, ela deverá ir para outra casa e criar seus filhos. Se mais tarde o marido retornar e voltar à casa, então a esposa deverá retornar ao marido, assim como as crianças devem seguir seu pai.
136. Se um homem fugir de sua casa, então sua esposa deve ir para outra casa. Se este homem voltar e desejar ter sua esposa de volta, a esposa não precisa retornar a seu marido, já que ele tinha fugido.
137. Se um homem quiser se separar de uma mulher ou esposa que lhe deu filhos, então ele deve devolver a ela o dote e parte do usufruto do campo, jardim e casa, para que ela possa criar os filhos. Quando ela tiver criado os filhos, uma parte do que foi dado aos filhos deve ser dada a ela, e esta parte deve ser igual a de um filho. A esposa poderá então se casar com quem quiser.
138. Se um homem quiser se separar de sua esposa que não lhe deu filhos, ele deve dar a ela a quantia do preço que pagou por ela e o dote que ela trouxe da casa de seu pai, e deixá-la partir.
139. Se não tiver havido preço de compra, ele deverá dar a ela uma mina em ouro como presente de libertação.
140. Se ele for um homem livre, deverá dar a ela 1/3 de uma mina em ouro.
141. Se a esposa de um homem, que vive em sua casa, desejar partir, mas incorrer em débito e tentar arruinar a casa deste homem, negligenciando-o, esta mulher deverá ser condenada. Se seu marido oferecer-lhe a liberdade, ela poderá partir, mas ele poderá nada lhe dar em troca. Se o marido não quiser dar a liberdade a esta mulher, esta deverá permanecer como criada na casa de seu marido.
142. Se uma mulher brigar com seu marido e disser "Você não é compatível comigo", as razões do desagrado dela para com ele devem ser apresentadas. Caso não haja erro de conduta no seu comportamento, ela deverá ser eximida de qualquer culpa. Se o marido for negligente, a mulher será eximida de qualquer culpa, e o dote desta mulher deverá ser devolvido, podendo ela voltar para casa de seu pai.
143. Se ela não for inocente, e deixar seu marido e arruinar sua casa, negligenciando seu marido, esta mulher deverá ser jogada na água.

144. Se um homem tomar uma esposa e esta der ao seu marido uma criada, esta criada tiver filhos dele, e este homem desejar tomar outra esposa, isto não deverá ser permitido, e que ele não possa tomar uma segunda esposa.
145. Se um homem tomar uma esposa e esta não lhe der filhos, e a esposa não quiser que o marido tenha outra esposa, se ele trouxer uma segunda esposa para a casa, a segunda esposa não deve ter o mesmo nível de igualdade do que a primeira.
146. Se um homem tomar uma esposa e ela der a este homem uma criada que tiver filhos dele, então a criada assume posição de igualdade com a esposa. Porque a criada deu filhos a seu patrão, ele não pode vendê-la por dinheiro, mas ele pode mantê-la como escrava, entre os criados da casa.
147. Se ela não tiver dado filhos a este homem, então sua patroa poderá vendê-la por dinheiro.
148. Se um homem tomar uma esposa, e ela adoecer, se ele então desejar tomar uma segunda esposa, ele não deverá abandonar sua primeira esposa que foi atacada por uma doença, devendo mantê-la em casa e sustentá-la na casa que construiu para ela enquanto esta mulher viver.
149. Se esta mulher não desejar permanecer na casa de seu marido, então ele deve compensá-la pelo dote que ela trouxe consigo da casa de seu pai, e então ela poderá ir-se embora.
150. Se um homem der à sua esposa um campo, jardim e casa e um dote, e se após a morte deste homem os filhos nada exigirem, então a mãe pode deixar os bens para os filhos que preferir, não precisando deixar nada para os irmãos do falecido.
151. Se uma mulher que viveu na casa de um homem fizer um acordo com seu marido que nenhum credor pode prendê-la, ela deve possuir um documento atestando este fato. Se tal homem incorrer em débito, o credor não poderá culpar a mulher por tal fato. Mas se a mulher, antes de entrar na casa deste homem, tenha contraído um débito, seu credor não pode prender o marido por tal fato.
152. Se após a mulher ter entrado na casa deste homem, ambos contraírem um débito, ambos devem pagar ao mercador.
153. Se a esposa de um homem tiver matado por outro homem a esposa de outrém, os dois deverão ser condenados à morte.
154. Se um homem for culpado de incesto com sua filha, ele deverá ser exilado.
155. Se um homem prometer uma donzela a seu filho e seu filho tiver relações com ela, mas o pai também tiver relações com a moça, então o pai deve ser preso e ser atirado na água para se afogar.
156. Se um homem prometer uma donzela a seu filho deflorar a moça, sem que seu filho a conheça, ele deverá pagar a ela ½ mina em ouro, e compensá-la pelo que fez à casa do pai dela. Ela poderá casar com o homem de seu coração.
157. Se alguém for culpado de incesto com sua mãe, ambos deverão ser queimados.
158. Se alguém for surpreendido por seu pai com a esposa de seu chefe, este alguém deverá ser expulso da casa de seu pai.
159. Se alguém trouxer uma amante para dentro da casa de seu sogro, e, tendo pago por sua esposa o preço de compra, disser para o sogro "Não quero mais sua filha", o pai da moça deverá ficar com todos os bens que este alguém tenha trazido consigo.
160. Se alguém trouxer uma amante para dentro da casa de seu sogro, tendo pago por sua esposa o preço de compra, e o pai da moça disser a ele "Eu não te darei minha filha", o homem terá de devolver a moça a seu pai.
161. Se um homem trouxer uma amante para a casa de seu sogro e tiver pago por sua esposa o preço de compra, e um amigo dele o enganar com a moça, e então seu sogro disser ao jovem esposo "Você não deve se casar com minha filha", a este jovem deve ser dado de volta tudo o que trouxe consigo, sendo que o amigo dele não poderá se casar com a moça.
162. Se um homem casar com uma mulher e esta lhe der filhos, quando esta mulher falecer o pai dela não terá direito ao dote, pois tal dote pertencerá aos filhos dela.
163. Se um homem casar com uma mulher, e esta não lhe der filhos, quando esta mulher morrer, se o preço de compra que ele pagou por sua esposa for devolvido pelo seu sogro, o marido não terá direito ao dote desta mulher, pois ela pertencerá à casa do pai dela.
164. Se seu sogro não devolver a este homem a quantia do preço da compra de sua esposa, ele deverá subtrair do dote a quantia relativa ao preço de noiva, e então pagar o remanescente ao pai da esposa falecida.
165. Se um homem der a um dos filhos que prefere um campo, um jardim e uma casa, quando mais tarde o pai morrer e os filhos dividirem sua propriedade, eles devem dar em primeiro lugar o presente do pai ao irmão preferido por este, dividindo o restante da propriedade paterna entre si.
166. Se um homem tomar esposas para cada um de seus filhos, excetuando seu filho menor, quando este homem morrer e seus filhos dividirem seus bens, devem deixar de lado uma parte do dinheiro para o preço de compra da esposa para o irmão menor.
167. Se um homem casar com uma mulher e ela der-lhe filhos, e se sua mulher morrer e ele tomar outra esposa que também lhe dê filhos, quando esse homem morrer, os filhos devem repartir a propriedade igualmente entre todos eles.
168. Se um homem desejar expulsar seu filho de sua casa e declarar isso frente ao juiz, então o juiz deve examinar as razões deste homem. Se o filho for culpado de falta pequena, então o pai não deve expulsá-lo.
169. Se ele for culpado de falta grave, a qual justifique o corte da relação filial, caso esta falta esteja ocorrendo pela primeira vez, o pai deverá perdoar o filho; mas se este for culpado por ofensa grave pela segunda vez, então o pai pode acabar com a relação filial que tem com seu filho.
170. Se uma esposa der filhos a um homem e a criada dele der-lhe filhos também, e o pai reconhecer os filhos da criada enquanto vivo, quando este pai falecer os filhos da esposa e da criada devem dividir os bens paternos entre si. Os filhos da esposa são quem deve fazer a divisão e efetuar as escolhas.
171. Se, entretanto, este pai não tiver reconhecido seus filhos com a criada, e vier a falecer, os filhos da criada não deverão compartilhar os bens paternos com os filhos da esposa, mas a eles e à sua mãe será garantida a liberdade. Os filhos da esposa não terão o direito de escravizar os filhos da criada. A esposa deve tomar seu dote (dado por seu pai) e os presentes que seu marido lhe deu, podendo viver na casa do marido por toda sua vida, desde que use a casa e não a venda. O que a esposa deixar, deve pertencer a seus filhos e filhas.
172. Se seu marido não lhe deu presentes, a esposa deverá receber uma compensação como parte da herança do marido, igual a parte de um filho. Se os filhos dela forem maus e a forçarem para fora de casa, o juiz deve examinar o caso, e se os filhos estiverem em falta, a mulher não deverá deixar a casa de seu marido. Se ela desejar deixar a casa, ela deve deixar a seus filhos os presentes que recebeu do falecido marido, mas poderá levar seu dote consigo. Então ela poderá casar com o homem de seu coração.
173. Se esta mulher der filhos ao seu segundo marido, quando ela morrer os filhos do casamento anterior e os filhos do casamento atual devem dividir o dote de sua mãe entre si.
174. Se ela não tiver filhos do segundo marido, os filhos do primeiro marido deverão herdar o dote.
175. Se um escravo, do Estado ou de um homem livre, casar com a filha de um homem livre e nascerem filhos, o dono do escravo não terá o direito de escravizar os filhos e filhas deste.
176. Se, entretanto, um escravo do Estado ou de um homem livre, casar com a filha de um homem livre, e após o casamento ela trouxer um dote da casa de seu pai, e então os dois gozarem deste dote, fundando um lar e acumulando meios, quando o escravo morrer a esposa deve tomar o dote para si, e tudo o que ela e seu marido trabalharam para obter deverá ser dividido em duas partes: uma para o dono do escravo e a outra para seus filhos.
177. Se uma viúva, cujos filhos forem pequenos, desejar entrar para uma outra casa (casar-se novamente), ela não deverá fazer isto sem o conhecimento do juiz. Se ela entrar numa outra casa, o juiz deve examinar o estado da casa de seu primeiro marido. Então a casa do primeiro marido será dada em confiança ao segundo marido e a viúva será a sua administradora. Um registro deve ser feito do ocorrido. Esta mulher deverá manter a casa em ordem, criar as crianças que houverem e não vender o que estiver dentro da casa. Aquele que comprar os utensílios dos filhos de uma viúva deverá perder seu dinheiro, e os bens serão restituídos a seus donos.
178. Se não for dito que uma mulher devotada ou uma sacerdotisa, a quem o pai tenha dado um dote e um bem, pode dispor desse bem como quiser, ou que tem direito de fazer o que bem entender com o bem, quando seu pai morrer os irmãos dela devem manter para esta moça o campo e o jardim, dando a ela cereais, óleo e leite, de acordo com a porção que lhe for devida. Se os irmãos dela não lhe derem cereais, óleo e leite de acordo com a cota dela, então o campo e o jardim devem dar o sustento a esta moça. Ela deve ter o usufruto do campo e do jardim e de tudo o que seu pai lhe deixou, ao longo de toda vida, mas ela não pode vender suas propriedades para outros. Sua posição de herança deve pertencer a seus irmãos.
179. Se uma "irmã de um deus" ou sacerdotisa receber um presente de seu pai, e estiver explicitamente escrito que ela pode dispor deste bem conforme seus desejos quando o pai falecer, então ela poderá deixar a propriedade para quem ela quiser. Os irmãos desta moça não terão direito de levantar queixa alguma a respeito dos direitos da moça.
180. Se um pai der um presente para sua filha - que possa casar ou não (uma sacerdotisa) - quando ele morrer ela deverá receber sua porção dos bens do pai, e gozar de seu usufruto enquanto viver. Sua propriedade, porém, pertence aos irmãos dela.
181. Se um pai der sua filha aos deuses como donzela do templo, ou virgem do templo, e não lhe der presente algum, quando este pai morrer a moça deve receber um terço de sua parte da herança de seu pai e gozar o usufruto enquanto viver. Mas sua propriedade pertence a seus irmãos.
182. Se um pai der sua filha como esposa de Marduk da Babilônia e não lhe der presente algum, quando o pai desta moça morrer ela deverá receber um terço de sua parte na herança, mas Marduk pode deixar a propriedade dela para quem ela o desejar.
183. Se um homem der à sua filha com uma concubina um dote, um marido e um lar, quando este pai morrer a moça não deverá receber bem algum das posses de seu pai.
184. Se um homem não der dote à sua filha com uma concubina, quando este pai morrer seu irmão deverá dar a ela um dote, de acordo com as posses de seu pai, assegurando um marido para esta moça.
185. Se um homem adotar uma criança e der seu nome a ela como a um filho, criando-o, este filho não poderá ser reclamado por outrém depois de crescido.
186. Se um homem adotar uma criança e esta criança ferir seu pai ou mãe adotivos, ela deverá ser devolvida à casa de seu pai.
187. O filho de uma concubina a serviço do palácio ou de uma hierodula não pode ser pedido de volta.
188. Se um artesão estiver criando uma criança e ensinar a ela sua habilitação, a criança não poderá ser devolvida.
189. Se ele não tiver ensinado à criança sua arte, o filho adotado poderá retornar à casa de seu pai.
190. Se um homem não sustentar a criança que adotou como filho e criá-lo com outras crianças, o filho adotivo pode retornar à casa de seu pai.
191. Se um homem, que tenha adotado e criado um filho, fundado um lar e tido filhos, desejar desistir de seu filho adotivo, este filho não deve simplesmente desistir de seus direitos. Seu pai adotivo deve dar-lhe parte da legítima herança, e só então o filho adotivo poderá partir, se quiser. Ele não deve dar, porém, campo, jardim ou casa a este filho.
192. Se o filho de uma amante ou prostituta disser ao seu pai ou mãe adotivos: "Você não é meu pai (ou minha mãe)", ele deverá ter sua língua cortada.
193. Se o filho de uma amante ou prostituta desejar a casa de seu pai, e desertar a casa de seu pai e mãe adotivos, indo para casa de seu pai, então o filho deverá ter seu olho arrancado.
194. Se alguém der seu filho para uma ama e a criança morrer nas mãos desta ama, e a ama, sem o conhecimento do pai e da mãe, cuidar de outra criança, eles devem acusá-la de estar cuidando de uma outra criança sem o conhecimento do pai e da mãe. O castigo desta mulher será ter os seus seios cortados.
195. Se um filho bater em seu pai, ele terá suas mãos cortadas.
196. Se um homem arrancar o olho de outro homem, o olho do primeiro deverá ser arrancado
[Olho por olho].
197. Se um homem quebrar o osso de outro homem, o primeiro terá também seu osso quebrado.
198. Se ele arrancar o olho de um homem livre, ou quebrar o osso de um homem livre, ele deverá pagar uma mina em ouro.
199. Se ele arrancar o olho do escravo de outrém, ou quebrar o osso do escravo de outrém, ele deve pagar metade do valor do escravo.
200. Se um homem quebrar o dente de um seu igual, o dente deste homem também deverá ser quebrado [Dente por dente];
201. Se ele quebrar o dente de um homem livre, ele deverá pagar 1/3 de uma mina em ouro.
202. Se alguém bater no corpo de um homem de posição superior, então este alguém deve receber 60 chicotadas em público.
203. Se um homem que nasceu livre bater no corpo de outro homem seu igual, ele deverá pagar uma mina em ouro.
204. Se um homem livre bater no corpo de outro homem livre, ele deverá pagar 10 shekels em dinheiro.
205. Se o escravo de um homem livre bater no corpo de outro homem livre, o escravo deverá ter sua orelha arrancada.
206. Se durante uma briga um homem ferir outro, então o primeiro deve jurar "Eu não o feri de propósito" e pagar o médico para aquele a quem machucou.
207. Se o homem morrer deste ferimento, aquele que o feriu deve proferir o mesmo juramento, e se o falecido tiver sido um homem livre, o outro deverá pagar 1/2 mina de ouro em dinheiro.
208. Se ele era um homem liberto, ele deverá pagar 1/3 de uma mina.
209. Se um homem bater numa mulher livre e ela perder o filho que estiver esperando, ele deverá pagar 10 shekels pela perda dela.
210. Se a mulher morrer, a filha deste homem deve ser condenada à morte.
211. Se uma mulher de classe livre perder seu bebê por terem batido nela, a pessoa que bateu deverá pagar cinco shekels em dinheiro à mulher.
212. Se esta mulher morrer, ele deverá pagar 1/2 mina.
213. Se ele bater na criada de um homem, e ela perder seu bebê, ele deverá pagar 2 shekels em dinheiro.
214. Se esta criada morrer, ele deverá pagar 1/3 de mina.
215. Se um médico fizer uma grande incisão com uma faca de operações e curar o paciente, ou se ele abrir um tumor (em cima do olho) com uma faca de operações, e salvar o olho, o médico deverá receber 10 shekels em dinheiro.
216. Se o paciente for um homem livre, ele receberá cinco shekels.
217. Se ele for o escravo de alguém, seu proprietário deve dar ao médico 2 shekels.
218. Se um médico fizer uma larga incisão com uma faca de operações e matar o paciente, ou abrir um tumor (em cima do olho) com uma faca de operações e cortar o olho, suas mãos deverão ser cortadas.
219. Se um médico fizer uma larga incisão com uma faca de operações no escravo de um homem livre, e matá-lo, ele deverá substituir o escravo por outro.
220. Se ele tiver aberto o tumor com uma faca de operações e tirado o olho (do tumor) a ele deverá ser paga a metade do valor contratado.
221. Se um médico curar um osso quebrado ou uma parte maleável do corpo humano, o paciente deverá pagar ao médico cinco shekels em dinheiro.
222. Se ele for um homem liberto, ele deverá pagar três shekels.
223. Se ele for um escravo, seu dono deverá pagar ao médico dois shekels.
224. Se um cirurgião veterinário fizer uma operação importante num asno ou boi e efetuar a cura, o proprietário deverá pagar ao veterinário 1/6 de um shekel como honorário.
225. Se um cirurgião veterinário fizer uma operação importante num asno ou boi e matar o animal, ele deverá pagar ao dono 1/4 do valor do animal que morreu.
226. Se um barbeiro cortar o sinal de escravo de um escravo que está à venda, sem o conhecimento de seu dono, as mãos deste barbeiro deverão ser decepadas.
227. Se alguém enganar um barbeiro, e fizer ele marcar um escravo que não está à venda com o sinal de escravo, este alguém deverá ser condenado à morte, e enterrado na sua casa. O barbeiro deverá jurar "Eu não fiz esta ação de propósito" para ser eximido de culpa.
228. Se um construtor construir uma casa para outrem e completá-la, ele deverá receber dois shekels em dinheiro por cada sar de superfície.
229 Se um construtor construir uma casa para outrem e não a fizer bem feita, ela cair e matar seu dono, então o construtor deverá ser condenado à morte.
230. Se morrer o filho do dono da casa, o filho do construtor deverá ser condenado à morte.
231. Se morrer o escravo do proprietário, o construtor deverá pagar por este escravo ao dono da casa.
232. Se perecerem mercadorias, o construtor deverá compensar o proprietário pelo que foi arruinado - pois ele não construiu a casa de forma adequada - devendo reerguer a casa às suas próprias custas.
233. Se um construtor construir uma casa para outrém, e mesmo a casa não estando completa, as paredes estiveram em falso, o construtor deverá às suas próprias custas fazer as paredes da casa sólidas e resistentes.
234. Se um armador construir um barco de 60 gur para outrém, a ele deve ser paga uma taxa de 2 shekels em dinheiro.
235. Se um armador construir um barco para outrém, não fizer um bom serviço e durante o mesmo ano aquele barco ficar à deriva ou for seriamente danificado, o armador deverá consertar o barco às suas próprias custas. O barco consertado deve ser restituído ao dono intacto.
236. Se um homem alugar seu barco para um marinheiro, e o marinheiro for descuidado, danificando o barco ou perdendo-o à deriva, o marinheiro deve dar ao dono do barco outro barco como compensação.
237. Se um homem contratar um marinheiro e seu barco, e dotá-lo de roupas, óleo, tâmaras e outras coisas do tipo necessário e/ou adequado para a embarcação, e o marinheiro for descuidado, o barco danificado e seu conteúdo arruinado, então o marinheiro deve compensar o proprietário pelo barco que foi danificado e por todo seu conteúdo.
238. Se um marinheiro estragar a nau de outrém, mas tentar salvá-la, ele deverá pagar a metade do valor da nau em dinheiro.
239. Se um homem alugar um marinheiro, tal homem deverá pagar ao marinheiro seis gur de cereais por ano.
240. Se um mercador for de encontro a um navio mercante e danificá-lo, o mestre do navio que foi danificado deve procurar justiça frente aos deuses e aquele que danificou o navio deve compensar o dono do barco por tudo o que foi danificado.
241. Se alguém forçar o gado a fazer trabalho forçado, ele deve pagar 1/3 de mina em dinheiro.
242. Se alguém contratar gado por um ano, ele deverá pagar 4 gur de cereais por gado a ser usado para arar a terra.
243. Como aluguel pelo rebanho de gado, ele deverá pagar 3 gur de cereais ao proprietário.
244. Se alguém contratar um boi ou um asno, e o animal for morto por um leão, a perda será do proprietário.
245. Se alguém contratar gado, e animais morrerem por mal tratamento, a pessoa deverá compensar o proprietário, animal por animal.
246. Se um homem contratar um boi e este animal tiver sua perna quebrada ou o ligamento do pescoço cortado, este homem deve compensar o proprietário com outro boi [boi por boi, cabeça por cabeça].
247. Se alguém contratar um boi, e este tiver seu olho arrancado, este alguém terá de pagar ao proprietário 1/3 do valor do boi.
248. Se alguém contratar um animal, e este tiver seu chifre quebrado, a cauda cortada ou o focinho ferido, a pessoa deverá pagar 1/4 do valor do animal em dinheiro ao proprietário.
249. Se alguém contratar um animal e os deuses matarem-no, o homem que assinou o contrato deverá jurar pelos deuses que não é culpado por tal fato.
250. Se quando o animal estiver passando na rua, alguém puxá-lo e em decorrência deste fato o animal matar uma pessoa, o proprietário não poderá fazer queixas contra o ocorrido.
251. Se o animal for selvagem, e provar que assim o é, e não tiver seus chifres ligados ou estiver sempre na canga, e ele matar um homem livre, o dono deverá pagar 1/2 de mina em dinheiro.
252. Se ele matar o escravo de alguém, deverá pagar 1/3 de uma mina.
253. Se alguém fizer um acordo com outrém para cuidar de seu campo, der-lhe semente, confiar-lhe gado e fizer-lhe cultivar a terra, e esta pessoa roubar os cereais ou plantas, tomando-os para si, as mãos deste indivíduo deverão ser cortadas.
254. Se ele pegar para si as sementes de cereais, e não usar o gado, tal homem deverá compensar o proprietário pelos cereais usados.
255. Se ele sublocar o melhor do gado ou as sementes de cereais, nada plantando no campo, ele deverá ser condenado, e por cada 100 gan de terra ele deverá pagar 60 gur de cereais.
256. Se sua comunidade não pagar por ele, então ele deverá ser posto no campo para trabalhar com o gado.
257. Se alguém contratar um trabalhador, ele deve receber 8 gur de cereais por ano.
258. Se alguém contratar um carreteiro, ele deve receber 6 gur de cereais por ano.
259. Se alguém roubar um moinho do campo, ele deverá pagar cinco shekels em dinheiro ao proprietário.
260. Se alguém roubar um 'shadduf' (usado para retirar água de um rio ou canal) ou um arado, ele deverá pagar 3 shekels em dinheiro.
261. Se alguém contratar um pastor para gado ou ovelhas, o pastor deverá receber 8 gur cereais por ano.
262. Se alguém, uma vaca ou ovelhas . . .
263. Se ele matar o gado ou ovelhas que lhe foram dados, ele deverá compensar o proprietário, gado por gado, ovelha por ovelha.
264. Se um pastor a quem foram dados gado e ovelhas para cuidar, tiver recebido o que lhe é devido e estiver satisfeito, fizer a diminuir o número de ovelhas ou gado, ou fizer menor a taxa de natalidade destes animais, ele deve apresentar compensações pelas perdas ou ganhos para que nada se perca no contrato celebrado.
265. Se um pastor a quem foram dados gado e ovelhas para cuidar, for culpado de fraude ou negligência com relação ao crescimento natural do rebanho, ou se ele vender os rebanhos por dinheiro, ele deverá ser então condenado e pagar ao proprietário dez vezes mais o valor das perdas.
266. Se um animal for morto no estábulo pela vontade de Deus (um acidente), ou se for morto por leão, o pastor deve declarar sua inocência ante Deus, e o proprietário arcará com as perdas do estábulo.
267. Se o pastor se descuidar, e um acidente acontecer no estábulo, então o pastor incorre em falta pelo acidente que causou, e deve compensar o proprietário pelo gado ou ovelhas.
268. Se alguém contratar um boi para a debulha, o pagamento pela contratação será de 20 ka de cereais.
269. Se ele contratar um asno para a debulha, o preço da contratação será de 20 ka de cereais
270. Se ele contratar um animal jovem para a debulha, o preço será 10 ka de cereais.
271. Se alguém contratar gado, carretas e carreteiro, ele deverá pagar 180 ka de cereais por dia.
272. Se alguém contratar somente uma carreta, ele deverá pagar 40 ka de cereais por dia.
273. Se alguém contratar um trabalhador, ele deverá pagar este trabalhador do Ano Novo até o quinto mês (abril a agosto) - quando os dias são longos e o trabalho duro - seis gerahs em dinheiro por dia, e a partir do sexto mês, até o final do ano, ele deverá dar ao trabalhador cinco gerahs por dia.
274. Se alguém contratar um artesão habilidoso, ele deverá pagar como salário de ..... cinco gerhas, de ..... gerahs como salário para um ceramista, de alfaiate cinco gerahs, de um artesão de cordas quatro gerahs, de um construtor.... gerahs por dia.
275. Se alguém alugar um barco mercante, ele deverá pagar 3 gerahs por dia.
276. Se ele alugar um nau para fretes, ele deverá pagar 2 ½ gerhas por dia.
277. Se alguém alugar uma nau de 60 gur, ele deverá pagar 1/6 de um shekel como aluguel por dia.
278. Se alguém comprar um escravo homem ou mulher e, antes de um mês ter se passado, aparecer a doença de bens, este alguém deverá devolver o escravo ao vendedor, e receber todo dinheiro que pagou por tal escravo.
279. Se alguém comprar um escravo homem ou mulher e uma terceira parte reclamar da compra, o vendedor deverá responder pelo ocorrido.
280. Se num país estrangeiro um homem comprar um escravo homem ou mulher que pertença a outra pessoa de seu próprio país, e o dono reconhecer seus escravos quando este retornar ao seu país, caso os escravos sejam nativos daquele país, este alguém deverá restituir os escravos sem receber nada em troca.
281. Se os escravos forem de outro país, o comprador deverá declarar a quantia de dinheiro paga ao mercador, e manter o escravo ou escrava consigo.
282. Se um escravo disser a seu patrão "Não és meu mestre", e for condenado, o mestre deve cortar a orelha do escravo.

A melhor evolução de ambos os códigos é a que foi dada por Jesus Cristo em S. Mateus 22, 34 a 40 -
"Amar a Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua mente" e "Tens de amar o teu proximo como a ti mesmo".

lembrando que esse conceito já era conhecido no mundo antigo. Amar o proximo, fazer o bem, ser altruísta, etc., já fazia parte da cartilha de ensinos dos filosofos gregos, dos ensinos de Zaratustra, dos Vedas, Confúcio e outros.
Jesus fez uma revolução para os Judeus, tirando a obrigação de cumprir códigos penais e trazendo algo superior, um código moral, a responsabilidade para consigo, Deus e o próximo.
Agir não por temor às leis e suas punições, mas agir motivado por amor, algo interno.
Mandou bem!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Post 7 - O diluvio

Diluvio - a versão mais conhecida, pelos ocidentais, desse evento é a biblica.
Em síntese os capitulos 6 a 8 de Genesis contam um relato de como era a humanidade nos dias de Noé.
Os filhos de Deus (anjos) se misturaram com a humanidade, tomaram esposas e tiveram filhos híbridos que espalhavam a maldade na terra. Deus ordena que Noé construa uma arca, coloque animais. Faz com que a agua desça dos céus e elimina todas as formas de vida (exceto peixes, logico) que estavam fora da arca.
Particularmente não consigo entender como Deus conseguiu encobrir toda a terra - Everest com seus quase 9000 mts de altura, Kilimanjaro e Aconcagua com algo em torno de 7000 cada um. Nem porque Ele resolveu aniquilar com os Lhamas dos Andes, Cangurus da Oceania, micos leões dourados da America do Sul, Pumas Norte Americanos, toda a vida selvagem da Africa, e tantos outros inocentes animais que foram afogados.
Tão incrivel quanto essa decisão divina, deve ter sido a operação logistica para redistribuir os animais aos seus habitats naturais novamente, apos a saída da arca. Realmente, Deus é sábio e milagroso. Coletou animais dos confins das americas, africa, oceania, europa e asia, inundou o mundo, matou os rebeldes anjos, seus filhos híbridos, a humanidade que não entrou na arca, escoou milagrosamente toda a agua (não faço nem ideia de quantos bilhões de litros d'agua foram), depois redistribuiu logisticamente todos os animais para seus devidos lugares e só esqueceu de um detalhe - de instruir a Nóe como deveria ser a adoração correta e unica a Ele a partir daquele momento.
Houve ali uma chance incrivel de acabar com paganismo, demonismo e toda a apostasia. Poderia ter ensinado e instruido a humanidade diretamente a como adora-lo e nunca mais fantasiarem sobre falsas deidades.
Mas não fez isso, deu-se por satisfeito por aniquilar toda a vida alheia à arca, e deixar a humanidade ao seu proprio destino.
Porque não um redentor ou instrutor naquele momento?

Saindo do universo biblico, vamos analisar o "caso diluvio" por outros prismas, afinal não foi apenas os judeus que contaram essa historia. A Epopéia de Gilgamesh foi escrita por volta de 2000 A.C pelos Sumérios e é a primeira obra literaria da humanidade. A narrativa muito mais rica em detalhes e emoções, detalha os dias de chuva.
Nesta obra, os deuses se irritaram com o barulho causado pela humanidade. Enlil decidiu eliminar a humanidade, mas Ea avisou a Utnapishitim (equivalente a Noé) e o instruiu a construir uma embarcação para salvar sua familia, parentes, os artesãos e carpinteiros que o ajudaram na construção e animais domesticos e selvagens.
Na narrativa, os deuses lamentaram pelo feito, assim como na narrativa biblica, não pensaram na consequencia devastadora do ato.
A obra Suméria da detalhes semelhantes ao da narrativa de Genesis, como o encalhe da arca numa montanha, ter soltado aves para certificar se havia terra, beber vinho após a saida da arca, fazer sacrificio, o prazer dos deuses em sentir o cheiro do sacrificio.

No relato, o deus guerreiro Enlil apos ficar furioso por saber que alguns mortais sobreviveram acabar por abençoar Utnapishtim e sua esposa com a imortalidade, e profere -
Inflige ao pecador o seu pecado,
inflige ao transgressor a sua transgressão,
pune-o levemente quando ele escapar,
não exageres no castigo ou ele sucumbirá;
Antes um leão houvesse devastado a raça humana
Em vez do dilúvio,
Antes um lobo houvesse devastado a raça humana
Em vez do dilúvio,
Antes a fome houvesse assolado o mundo
Em vez do dilúvio,
Antes a peste houvesse assolado o mundo
Em vez do dilúvio.

Alguns aspectos a considerar entre as obras judaica e suméria -
A Epopéia de Gilgamesh foi escrita pelo menos 500 anos antes de Genesis, portanto, já era de conhecimento da humanidade.
A EdG fala que o dilúvio aniquilou a raça humana, e não o mundo inteiro.
Os sumérios (ou babilonios) já eram um povo organizado e estruturado muito antes dos judeus o serem, e os influenciaram em sua cultura.

Ainda tem mais, varios outros povos contam historias de cataclismas enviados por deuses raivosos que destruiram a humanidade -
- Os astecas, no México contam que um homem chamado Coxcox se salvou junto com sua esposa num barco, deixando a arca então no Monte Colhuacau. Pinturas retratando o grande dilúvio foram encontradas entre os astecas, os mistecas, os zapotecas, os tlascalanos e muitos outros;
- Os maias também deixaram crônicas gravadas em hieróglifos, as quais foram quase que totalmente destruídas pelos espanhóis durante as guerras de conquista. Porém, seu conteúdo permaneceu vivo na memória das pessoas e foi transcrito para uma crônica em latim. Essa crônica, entitulada Popol Vuh, retrata um grande cataclisma e um dilúvio ocorrido em uma terra a qual era considerada como sendo o paraíso na Terra;
- Os primeiros colonizadores da América do Norte deixaram relatos que as tribos dos Grandes Lagos possuiam uma lenda a qual falava de uma grande inundação e de um salvador, ou "Noé";
- Os hopi sustentam que houve um lugar que for a destruído por conta da violência e da corrupção e os iroqueses contam que apenas um homem, uma mulher e um casal de cada raça animal se salvou;
- Na Colômbia, os índios chibchas possuem uma lenda que só difere da dos gregos nos nomes empregados aos deuses. Ambas as lendas mencionam um deus que sustentava os céus ( e às vezes a Terra ) e um grande dilúvio no qual as águas teriam escorrido através de um buraco aberto na superfície da Terra;
- Os incas também possuiam a tradição do dilúvio. Há uma lenda inca que conta que as chuvas teriam durado 60 dias e 60 noites, ou seja, 20 a mais do que na Bíblia;
- A lenda de Tamandaré, dos índios guaranis, também retrata um dilúvio e a salvação de um casal no alto de uma montanha;
- Quetzalcoatl, o deus branco dos astegas e toltecas, voltou para o seu país no mar do leste, depois de haver fundado a civilização tolteca. Esse mesmo deus era adorado entre os maias sob o nome de Kukulkán.
Bibliografia:
Grandes enigmas da humanidade, Editora Vozes – Luiz C. Lisboa & Roberto P. de Andrade;
O Mistério da Atlântida, Editora Nova Fronteira - Charles Berlitz

(extraído de http://www.acasicos.com.br/html/diluvio.htm)


O diluvio, enfim, é puramente uma lenda ou um fato?
Vimos até aqui que não se trata de algo exclusivo dos Judeus e do relato de Genesis. Mas quais as provas desse evento?
A arqueologia não nega que houve um cataclisma no oriente medio a cerca de 7000 ou 10000 anos atras, ao fim da última era glacial. Esse fato é bem descrito conforme abaixo -

Solucionado o mistério do dilúvio na Bíblia, continua o da sua origem no texto de Gilgamesh. No final da década de 90, dois geólogos americanos da Universidade Columbia, Walter Pittman e Willian Ryan, criaram uma hipótese: por volta do ano 5600 a.C., ao final da última era glacial, o Mar Mediterrâneo havia atingido seu nível mais alto e ameaçava invadir o interior da Ásia na região hoje ocupada pela Turquia, mais precisamente a Anatólia. Num evento catastrófico, o Mediterrâneo irrompeu através do Estreito de Bósforo, dando origem ao Mar Negro como o conhecemos hoje. Um imenso vale de terras férteis e ocupado por um lago foi inundado em dois ou três dias.
Os povos que ocupavam os vales inundados tiveram que fugir às pressas e o mais provável é que a maioria tenha morrido. Os sobreviventes, porém, tinham uma história inesquecível, que ecoaria por milênios. Alguns deles, chamados ubaids, atravessaram as montanhas da Turquia e chegaram à Mesopotâmia, tornando-se os mais antigos ancestrais de sumérios, assírios e babilônios. Estaria aí a origem da narrativa de Gilgamesh. Essa teoria foi recebida por arqueólogos e antropólogos como fantástica demais para ser verdadeira.
No entanto, no verão de 2000, o caçador de tesouros submersos Robert Ballard, o mesmo que encontrou os restos do Titanic, levou suas poderosas sondas para analisar o fundo do Mar Negro nas proximidades do que deveriam ser vales de rios antes do cataclisma aquático. Ballard encontrou restos de construções primitivas e a análise da lama colhida em camadas profundas do oceano provaram que, há 7 600 anos, ali existia um lago de água doce. A hipótese do grande dilúvio do Mar Negro estava provada. (http://www.casadobruxo.com.br/textos/biblia02.htm). Ou se preferir o original - www.pbs.org/saf/1207/features/noah.htm


A narrativa conforme descrita pelos arqueologos e estudiosos lembra em muito (eles que me perdoem, mas é isso que me à mente) o desenho A Era do Gelo 2.
Muita especulação é feita sobre como (e se) o relato de Gilgamesh foi adaptado pelos judeus e conseguiu seu lugar no Genesis, alguns historiadores dizem que o relato foi escrito durante o cativeiro em babilonia (cerca de 580 A.C) o que explicaria muitas influencias.
Neste aspecto, se Genesis foi escrito 1500 AC por Moisés ou durante o cativeiro dos judeus em babilonia (580 AC) por outros autores, é uma questão que cabe a cada um pesquisar e escolher sua melhor e mais conveniente versão, mas independente da versão escolhida, cabe aos fiéis analisarem -
Porque Deus enviou aguas dos céus?
De onde veio e para onde foi tal agua?
Matematicamente, quantos litros de agua seriam necessarios para cobrir toda a terra?
É inteligente acabar com todas as especies vivas em detrimento de anjos terem possuído mulheres? (não seria mais Sábio, Amoroso e Justo eliminar apenas o Mal?)
Como um fiel pode justificar tal ato com os atributos divinos Amor, Poder, Justiça e Sabedoria?
O que é mais sensato, as evidencias arqueologicas ou a lenda mal adaptada?

Cada um acredita no que lhe é mais conveniente, mas se voce já tem suas crenças, sejam religiosas, historicas, cientificas ou do que voce pesquisou no google ou seu amigo ou guru lhe contou - não se dê por satisfeito - questione, pesquise, vá a fundo, invalide e questione o que te ensinaram até não sobrar duvidas.
Não aceite algo so porque lhe empurraram como sendo sagrado e divino, certifique de que realmente seja.

1 Tessalonicenses 5:21 - Certificai-vos de todas as coisas, apegai-vos ao que é excelente



Recomendo A Epopeia de Gilgamesh como uma obra a figurar na estante, mas quem desejar um preview antes de comprar - http://www.4shared.com/file/1075396/3286b894/A_Epopia_de_Gilgamesh.html?s=1

terça-feira, 3 de junho de 2008

Post 6 - Amor ou Temor?

As pessoas vivem em medo.
Talvez nosso DNA esteja impregnado de medo e terror.
Tanto no Livro da Urantia quanto em A vida oculta e mistica de Jesus, descrevem os primordios da raça humana, acuada, temendo a noite e seus perigos. Disso, talvez, tenham surgido muito mitos e temores, culto a astros, lua, sol e forças da natureza, e esses cultos se evoluiram até chegarem à forma de deuses.
Deuses tiranos, punitivos, raivosos e muito parecido com os humanos. Claro que alguem tirava lucro e vantagem disso, sacerdotes, pajés e reis. Era facil temer quem vinha em nome destes.

O proprio Deus judaico é um exemplo clássico de ira e impiedade - http://www.youtube.com/watch?v=vBd0O0bqYjk
Este video faz uma contabilidade de todas as passagens biblicas em que mostra as mortes no antigo e novo testamento causadas direta ou indiretamente por Jeová Deus. E nessa conta temos guerreiros, povo comum, familias inteiras, cidades, crianças, virgens, profetas, mulheres - 2.270.370 pessoas - Sem contar a humanidade inteira que se foi no diluvio, e a promessa que Ele tem de acabar com mais 7bilhões de pessoas.

1 - Genesis 19:26 (1) - A mulher de Ló por olhar para trás.
2 - Genesis 38:7 (1) - Er, por ser mal aos olhos do Senhor.
3 - Genesis 38:10 (1) - Onan, por masturbar ou coito interrompido.
4 - Exodo 32:27 (3000) - Por adorar bezerro de ouro.
5 - Levitico 24:10-23 (1) - Por blasfemar.
6 - Numeros 15:32-36 (1) - Apanhar lenha no s ábado.
7 - Numeros 16:27-32 (12) - Corá, Datan e Abirão e familias.
8 - Levitico 10:2 (2) - Filhos de Arão.
9 - Numeros 16:35 (250) - por oferecerem incenso.
10 - Numeros 16:41-49 (14700) - mortos por reclamação.
11 - Numeros 25:4-9 (24000) - mortos por prostituição.
12 - Numeros 31:1-35 (90000) - Massacre de Midianitas (+32000 virgens escravizadas).
13 - Josué 7:24-26 (5) - Acã, filhos e filhas apedrejados.
14 - Josué 8:1-25 (12000) - Cidade de Ai.
15 - Juizes 1:4 (10000) - Guerra a Cananeus e Ferezeus.
16 - Juizes 3:15-22 (1) - Eude mata em nome de Deus.
17 - Juizes 10:22-25 (5) - Reis enforcados.
18 - Juizes 3:28-29 (10000) - Guerra com Moabitas.
19 - Juizes 7:2,22 a 8:10 (120000) - Deus faz Midianitas matarem entre si.
20 - Juizes 14:19 (30) - Sansão mata Asquelonitas.
21 - Juizes 15:14,15 (1000) - Sansão com a queixada de jumento.
22 - Juizes 16:27-30 (3000) - Deus ajuda Sansão a matar.
23 - Juizes 20:35-37 (25100) - Homens de Benjamim mortos.
24 - Juizes 20:44-46 (25000) - Mais homens de Benjamim mortos.
25 - 1 Samuel 6:19 (50070) - Por olharem a arca do Senhor.
26 - 1 Samuel 14:12-14 (20) - Jonatas mata 20 filisteus.
27 - 1 Samuel 15:32-34 (1) - Samuel mata Agague.
28 - 1 Samuel 25:38 (1) - Deus mata Nabal por ser imprestavél.
29 - 2 Samuel 6:6-7 (1) - Uza por tocar a Arca do Pacto.
30 - 2 Samuel 12:14-18 (1) - Deus mata filho de Davi com esposa de Urias.
31 - 2 Samuel 21:6-9 (7) - Filhos de Saul enforcados ao Senhor.
32 - 2 Samuel 24:15 (70000) - Por Davi ter feito um censo.
33 - 1 Reis 13:1-26 (1) - Por acreditar na mentira de um profeta.
34 - 1 Reis 20:28-29 (100000) - 100mil Sírios num dia.
35 - 1 Reis 20:30 (27000) - Muro cai sobre 27mil pessoas.
36 - 1 Reis 20:35-36 (1) - Por não bater num profeta.
37 - 2 Reis 1:4 (1) - Acazias por adorar outro Deus.
38 - 2 Reis 1:9-12 (102) - Queimados vivos.
39 - 2 Reis 2:23-24 (42) - CRIANÇAS, por caçoarem do profeta.
40 - 2 Reis 7:20 (1) - Pisoteado por não crer em Elias.
41 - 2 Reis 9:33-37 (1) - Jezabel devorada por cães.
42 - 2 Reis 17:25-26 (3) - Deus mata "alguns" estrangeiros.
43 - 2 Reis 19:35 (185000) - Soldados Assirios enquanto dormiam.
44 - 1 Cronicas 10:14 (1) - Saul, por não buscar ao Senhor.
45 - 2 Cronicas 13:15-17 (500000) - Israelitas.
46 - 2 Cronicas 13:20 (1) - Jeroboão ferido por Deus.
47 - 2 Cronicas 14:9-14 (1000000) - Exercito etiope diante de Judá.
48 - 2 Cronicas 21:14-19 (1) - Jeorão.
49 - Ezequiel 24:15-18 (1) - Mulher de Ezequiel.
50 - Atos 5:1-10 (2) - Ananias e sua esposa por não darem o dinheiro à igreja.
51 - Atos 12:23 (1) - Herodes, morto por bichos.

Todos mortos por Deus, por sua ordem ou em nome Dele, há ainda vários relatos onde os numeros não foram mencionados - Diluvio, Sodoma e Gomorra, os primogênitos do Egito, e vários outros genocidios. (Não estão inclusos no video relatos como os dos filhos de Jacó que mataram todos os machos de uma cidade, para vingarem "a virgindade" de Tamar, ou as familias do babilonios que tramaram contra Daniel, por exemplo).
A "justiça e o paternalismo" divino que promoveram tais julgamentos (como os defensores de Jeová preferem definir tais ações) são no minimo questionáveis. Vamos considerar alguns exemplos -
Diluvio Global - Qual a justificativa para Deus matar toda a especie humana e animal, do globo inteiro, por conta dos erros das pessoas que viviam numa determinada localidade? Porque ele matou Cangurus na Australia, mico-leões dourados na America do Sul, lhamas no Peru, e etc, por conta daquelas pessoas? No minimo, irracional e pouco pratico. (considerarei esse assunto em outro post futuramente).
Adão e Eva - Foram condenados à morte por comerem um fruto, ou desobedecer. E com isso, toda a humanidade posterior incorre neste julgamento. Até hoje não resolvido.
42 crianças que chamaram o calvo profeta Eliseu de careca foram estraçalhadas por ursos. Porque o sábio homem de Deus, simplesmente não ordenou que os cabelos delas caissem também? Pela palavra dele, 42 CRIANÇAS morreram. Deus executou o desejo dele. Que lição essas crianças aprenderam? Nenhuma! Morreram. Não houve lição aprendida. Se o profeta tivesse ordenado que o cabelo delas caisse, teriam aprendido algo. Esse julgamento do profeta e do seu Deus é mais um exemplo biblico de intolerancia, falta de argumentação, abuso de poder, e nenhuma lição aprendida pela lição, a não ser - Tema!

Mas vamos pular essa parte, vamos focar no aspecto amoroso e justo do novo testamento, nas palavras bondosas de Jesus e de seus apostolos.
1a João 4, 18 diz que onde ha amor, não ha temor
1a João 4, 8 - Deus é amor.

Depois da vinda de Jesus o conceito de um Deus vingativo e punitivo mudou, Jesus foi a redenção, a abertura das portas do paraíso para quem exercesse Fé. Exerceu fé - Paraiso, não teve fé - lago de fogo ou morte eterna. Simples assim.
E esta fé poderia ser acompanhada de amor, não precisava mais temer.
Jesus veio e aboliu todo o esquema judaico de leis que Jeová havia criado para adestrar aquele povo vacilante. Fim de uma era de temor!
Jesus simplificou as coisas - Para alcançar a salvação não era mais necessario sacrificar animais, ou leva-los para o sumo sacerdote, pagar dízimo e seguir um receituario complicado de leis, guardar o sabado e afins.
Interessante compararmos o que Jesus propos com outros escritos antigos -
O Bhagavad Gita cap 18 vs 65 - "Pense sempre em mim e torne-se meu devoto. Adore-me e ofereça-me homenagens. Agindo assim, voce vira a mim impreterivelmente. Eu lhe prometo isso porque voce é meu amigo muito querido" 66 "Abandone todas as variedades de Religião e simplesmente renda-se a mim. Eu o libertarei de todas as reações pecaminosas. Não tema" 68 "Para aquele que explica aos devotos este segredo supremo, o serviço devocional puro está garantido, e no final, ele voltará a mim".

Lembrando os textos de S. João acima e mais João 14, 6 "Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguem vem ao Pai senão por mim".

Um pouquinho de cronologia antes de continuarmos, apenas para nos situarmos no tempo, o bhagavad gita foi escrito 500 A.C e os primeiros Vedas antes de 2000 A.C, ou seja, o conjunto da obra é anterior ao Velho e ao Novo Testamento biblico.

Voltando ao assunto, os Vedas já falavam de uma adoração devocional direta a Deus, sem temor, sem intermediarios, sem sacrificios, com fé e meditação muito antes de Jesus.

Menos conhecido dos Cristãos (hoje) é o Mitraísmo, religião que pretendo dedicar um post especifico futuramente. Apenas sintetizando e abrindo um breve parenteses, o Mitraísmo tinha um profeta chamado Zaratustra, um Deus Ahura-Mazda e um messias chamado Mitra. Foi um movimento que se intensificou por volta de 700 AC e conviveu durante os primeiros anos do Cristianismo. O Mitraísmo finalizou por volta de 300 E.C junto com o nascimento da igreja Catolica.

Mas vamos ao que interessa, 700 anos antes de Cristo, enquanto os Judeus ainda rezavam para cair fogo dos céus e destruir o baalistas, ou profetizavam vinganças e mortes através dos profetas Isaias, Jeremias, Oseias, Habacuque, Amós e outros tantos, Zaratustra (ou Zoroastro) estava compondo Paz e Amor!

Gathas de Zaratustra - Cantico 5.
vs 1 - "A Deus oram a familia e a comunidade, assim como também faço pedindo bençãos. Enquanto isso, os falsos deuses ameaçam e trovejam. Queremos ser a mensagem de Deus aos que crêem nesses deuses 3 Esses deuses ameaçadores, adorados por medo, são criações da má mente, do erro e do desprezo à dignidade humana, causam dilapidação da Terra e violência. 4 Quem segue esses deuses, com ações, leva a humanidade ao pior. Com eles tem-se desistido da Boa Mente, da inteligencia e da justiça. 5 Privam a humanidade da Boa Vida e do prazer de viver. De fato, esses deuses são um engano, criam uma mentalidade de mandamentos e falam mal do mundo, concedendo muito poder ao erro.

Os canticos de Zaratustra são muito belos, sempre falando de um Deus pacifico, ordeiro e progressista, um Deus que sente prazer em ver a humanidade progredir e fazer o bem.
O Deus de Zaratustra era de paz, não exigia sacrificios. Apenas abençoava aqueles que praticavam boas ações.

Este conceito de bençãos espirituais para quem pratica o bem tambem era de conhecimento dos chineses ha mais de 500 anos antes de Cristo. Em Os Anacletos, de Confúcio, capitulo 14 vs 34 os discipulos citam o Tao te Ching para o mestre "pague uma injúria com uma boa ação". (Enquanto isso o Deus Hebreu estava lançando fogo do céus e descendo porrada em qualquer um que blasfemasse contra Ele, mesmo que fosse por carregar lenha no sábado).

Notamos nisso que outros livros sagrados já falavam da relação entre a humanidade e Deus ser feita baseada no amor, no respeito e na fé. Os escritos dos filosofos gregos deste período pré cristão também enfatizavam as boas ações como forma de engrandecer os relacionamentos. Da importancia de produzir boas ações e frutos do espirito. Não foi o Cristianismo que inovou, apenas coletou, sintetizou todo esse mix de ensinos.
É importante lembrarmos que os ensinos de Cristo não possuem muita relação com o Cristianismo. O Cristianismo tenta fazer um mix entre as boas palavras (presumidamente) de Jesus e as regras judaicas, esquecem que Jesus eliminou aquela religiosidade com seu ministério.
Jesus pregava espiritualidade, não religiosidade, isso fica claro em Atos 17, 24 'Deus não mora em templos' e 1a Corintios 3, 16 'Vós sois templo de Deus'.
A santidade sai de lugares fisicos e passa para o corpo de quem está conectado com Deus. (isso lembra um pouco o budismo).

Acho que o assunto tomou uma proporção muito distante do que comecei a escrever, mas tudo isso faz-se necessario para mostrar que -
*Não vejo relação entre o judaísmo e o cristianismo, o primeiro pregava o temor através de um Deus de personalidade ciumenta e vingativa, o segundo falava de frutos do espirito e relação direta com o divino.
*Outras culturas (grega, indiana, chinesa, persa, romana) influenciaram o pensamento judaico no primeiro século, não havia mais espaço para uma adoração focada no temor.

Hoje, é lamentavel, mas ainda existem religiões que tentam resgatar a adoração a Jeová, o Deus de Israel. Se dizem cristãs, mas deixam o Cristo de lado quando o assunto é punição e temor. Manipulam textos biblicos para alcançar objetivos escusos.

O objetivo deste post é mostrar a necessidade de não aceitar lideres, mas buscar a conexão direta e espiritualizada.

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Sobre Jeová, O Livro da Urantia (parte III, cap 96, pags 1052 em diante) o mostra como sendo uma deidade tribal, um deus moabita que habitava no vulcão do monte Horeb. Moisés usou esta deidade para que aquele povo, que havia acabado de sair do egito (uma terra cheia de deidades poderosas e de forte personalidade) não ficasse sem um deus.
Mais tarde, a personalidade desse deus sofre influencias do Sumério EL, um deus bondoso e cuidador (isso pode ser notado através dos livros do Velho Testamento, com o tempo vemos Jeová tomando ares partenalistas com a nação de Israel, isso já no tempo de Daniel).
Não consegui evidencias em outras obras ou em fontes arquelogicas para comprovar isso, embora considere muito plausivel.
Ainda sobre o Exodo (saída do Egito) vale a pena conferir o filme "Colheita Maldita" e assistir aos bonus track, uma ótima tese sobre as pragas.